Na minha formação de Coach, todos tinham que escrever sua história contada na 3ª pessoa, no entanto, este conto fluiu de tal forma que não resisti em ser a minha própria história romantizada. Anos depois, após ter realizado a minha constelação percebi que os elementos e a própria situação deste conto era a minha própria história.
Esta história se passa no ano V A.C.
Faz muito frio lá fora, mas isso não é novidade para os habitantes daquele povoado, a maior parte do tempo faz frio. A luz do sol aparece apenas em dois períodos do ano, na primavera e verão, que são intercalados com outono e o inverno.
Na primavera, primeiro período de Sol, toda a aldeia se reúne as margens do rio TUTAMASHI e fazem todas as refeições em conjunto, é neste período que aldeia mais se socializa. Os jovens procuram as jovens para se unirem e formar seu SAYORI. E os mais velhos trocam suas experiências e reflexões com o mestre OTASHI.
Mestre OTASHI tem dois filhos, o primogênito DAIRAN e KINARAN dois anos mais nova. Sua mulher SAYATORI é a conselheira das mulheres da aldeia. Estamos no inverno, estação que antecede a primavera.
OTASHI senta com seu filho para conversar sobre a chegada da estação mais esperada, a primavera. DAIRAN é de personalidade introspectiva, pouco fala, os mais velhos de outros SAYORI dizem que DAIRAN tem espírito muito, muito antigo. DAIRAN é um grande estudioso, não há escritos que ele não tenha lido da sala de leitura de seu Pai. A conversa de OTASHI com DAIRAN é sobre o seu futuro.
OTASHI por ser o mestre do povoado tem um papel importante para aquele que um dia será seu sucessor. DAIRAN, no entanto, não acredita poder suceder seu Pai, ele acredita que há algo mais a apreender. E pede permissão ao Pai para seguir outro caminho, deixar a aldeia. OTASHI se surpreende com a fala do filho, se emociona, mas entende que ele deve deixar a aldeia. Com a chegada da primavera, DAIRAN se despede da família e da aldeia, seu Pai lhe entrega um pequeno amuleto enrolado em um fino tecido de seda e DAIRAN segue seu novo caminho. Apesar de DAIRAN ser introspectivo, de poucas palavras e tímido ele possui uma luz e uma aura que faz com que as pessoas se aproximem dele. Estar ao lado dele é reconfortante, às vezes não é preciso dizer uma palavra, seu olhar e sua compaixão amenizam as dores das pessoas. DAIRAN nunca soube o que é dor, pois para ele tudo está certo e que tudo faz parte da evolução do SER.
Em uma tarde, sentado à beira do lago MIRUNO, ele se depara com um grupo de homens maltratando um ancião. DAIRAN se aproxima e pergunta se pode ajudar a resolver a questão. O grupo se volta para ele e ordena que se retire, ele persistentemente volta a perguntar se pode ajudar e mais uma vez é dito para se retirar, DAIRAN volta a perguntar e o líder do grupo se volta contra ele e o espanca até perder os sentidos, o ancião se aproveita da situação e se afasta sem ser percebido e o grupo se retira deixando-o estendido no chão. Ao reparar que o rapaz estava sozinho o ancião retorna para ajudá-lo e leva-o para uma modesta casa. Lá, recebe cuidados com ervas e especiarias nos ferimentos que recebeu no tórax, nisso percebe que em torno de seu pescoço há uma pequena medalha.
DAIRAN além dos ferimentos fica em estado de choque e perde a fala. Sem a fala ele se sente desprotegido e por isso passa a residir com o ancião. DAIRAN então passa a ler os vários manuscritos que o ancião tinha em uma estante no canto do aposento. Passado alguns meses DAIRAN recupera a fala e decide partir. O ancião pede para que ele fique, pois, seus dias estão chegando ao fim e ele gostaria de ter sua companhia. Em agradecimento ao ancião DAIRAN fica mais algum tempo. Nos meses que sucederam DAIRAN aproveitou para conversar sobre suas reflexões, em um determinado dia DAIRAN fala sobre os sentimentos que suscitavam ao ler os manuscritos do ancião. O ancião, já meio fraco e sensível, se emociona com a fala de DAIRAN e mostra em seu peito uma medalha idêntica a do DAIRAN.
DAIRAN se afasta um pouco, coloca a mão na medalha que está no meio do peito, seus olhos se enchem de lágrimas e pergunta: Onde ele achou aquela medalha? O ancião, também emocionado, responde: Que há muitos e muitos anos atrás ele era o mestre do povoado onde vivia e não suportando a morte de sua esposa ele abandonara a aldeia deixando seu filho como sucessor e, um pequeno manuscrito ao filho com uma medalha enrolada em um fino tecido de seda que lhe pertencia, porém levara a medalha pertencente a sua esposa. DAIRAN estava diante de seu avô, que cuidou de seus ferimentos, dera atenção, cuidados e principalmente amor e compaixão. O ancião pede perdão por ter abandonado a família e a aldeia e faz um pedido a DAIRAN: Entregue esta medalha ao MEU FILHO seu PAI, peça que me perdoe. Estas foram às últimas palavras do ancião. DAIRAN enterra seu avô a beira do lago MIRUNO no início do inverno onde o frio é intenso.No início da primavera, DAIRAN retorna para sua aldeia encontra com seu pai e entrega enrolado num fino tecido de seda as duas medalhas.