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Bob Clemps

Relacionamento a dois

O nosso primeiro e grande amor são pelos nossos pais. Crescemos com essa referência e também com a dos contos de fada.

A princesa em apuros, presa ou sob um feitiço do sono, e do outro lado o príncipe encantado para salvá-la e viverem felizes para sempre.

Certa vez uma amiga me disse: vou protestar a Walt Disney, essa história de príncipe encantado não existe. Naquele momento pensei, nossa!!! Ela tem razão. Hoje minha resposta seria: Sim e não. Sim, porque subliminarmente traz as energias masculinas e femininas através dos contos (não falo de gêneros masculino e feminino e sim dessas energias que estão presentes tanto no homem quanto na mulher) e, não, porque vivemos pelas referências que temos das histórias familiares, das que ouvimos e

das nossas carências. Amor é Amor, simples assim. Sem regras, julgamentos, expectativas ou protocolos.

O que está por trás destes contos? A energia feminina que está integrada com a natureza e com a equidade da humanidade. A energia masculina, que traz propósito e direção. E veja, ambas as energias são iguais, uma não é melhor do que a outra. Deste modo, tanto a mulher quanto o homem possuem uma identidade, com tudo que foi e é, portanto, são iguais.

O que o príncipe e a princesa representam?

Príncipe – energia masculina – Senso de direção: Propósito, Presença, foco, direção, ação e força.

Princesa – energia feminina – Estar a serviço: Relacional, Nutrição (físico e alma),

brilho, intensidade emocional, beleza, estética, acolhimento, compaixão e

energia de prontidão.

Aqui está o grande conflito: Amor idealizado, por nós, dos contos de fada, idealizado por não considerar as energias feminina e masculina, versus o relacionamento dos nossos pais ou das histórias que vemos ou ouvimos.

Veja que não falei de amor e sim de relacionamento.

Isso é válido para qualquer tipo de relacionamento entre duas pessoas, independente de gênero. Amor é Amor – esse Amor é por Tudo e por Todos, tal como é.

Um dos ensinamentos de Buda Gautama: Ame a si mesmo e observe, hoje, amanhã e sempre. Aprendemos que devemos amar o outro primeiro, ser caridoso e generoso, assim seremos amados e sentiremos pertencentes a família, comunidade e sociedade.

Os relacionamentos fracassam porque não existe Amor.

Voltando aos nossos pais. Independentemente do tipo de relacionamento

que viveram ou vivem, nós amamos os nossos pais e, de alguma forma,

vamos honrá-los no nosso relacionamento.

Cada um de nós pertence a um sistema familiar, pense em sua árvore genealógica, mesmo que você não os tenha conhecido, isso inclui todos os que vieram antes de você, dos seus pais, avós, bisavós e assim por diante – na vertical e horizontal. Esse é o seu sistema, sua comunidade de destino.

Quando duas pessoas se encontram, cada qual traz consigo um modelo de relacionamento, bem como funções e papéis masculinos e femininos, baseados nos valores de sua família e ambos seguem; por hábito, regras, padrões e normas.

É o encontro de dois sistemas familiares, cada qual com o seu e cada um passa a pertencer ao sistema familiar do outro, formando uma só comunidade de destino.

E para sentirmos pertencentes a esse sistema vamos repetir, de alguma forma, os padrões do sistema.

Isso não quer dizer que não podemos fazer diferente, pelo contrário, o destino é coletivo, mas a escolha é individual. Quando fazemos diferente do padrão, nossos ancestrais poderão dizer: Não foi em vão. Agora, todos podem fazer aquilo que não conseguimos fazer.

Para viver um relacionamento com Amor é preciso renunciar a esse primeiro e profundo Amor. O Amor pelos nossos pais. Só assim não iremos procurar no homem o que não recebemos do pai e não iremos procurar na mulher o que não recebemos da mãe. Como, também, se despedir do Amor perfeito. Ele é desumano.

Olhar para todo o seu sistema e dizer; sim, digo sim para tudo como foi e para tudo como é, e fazer o mesmo com o sistema da outra pessoa.

Reconhecer a outra pessoa como igual.

Em relação a sexualidade do casal: a expressão sexual do amor representa também o nosso ato mais humilde. Em nenhuma outra circunstância nós nos expomos tão completamente vulnerável. A vida íntima do casal diz respeito a eles. E a mais ninguém. Falar de parceiros anteriores é colocar em risco a relação. No ato sexual você se deita com o outro, com tudo que ele é, e, com tudo que ele já foi.

E por fim, ter essa seguinte imagem: Amo a você e amo a mim mesmo e amo aquilo que me guia e que guia você, seja lá qual for o resultado.

Só assim estaremos liberados para um relacionamento com Amor.

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